quinta-feira, 3 de março de 2011

Reflexões sobre Igreja Orgânica

Igreja Orgânica

Queridos, Admiro o desejo de vocês em buscar um padrão de comportamento mais aproximado do primitivo. Porém vejo em vossas argumentações um grande despreso pela inspiração verbal e plenária da Bíblia Sagrada, e pelos reais motivos que levaram a igreja primitiva a procurar locais mais amplos para reunião das comunidades cristãs.
Combater a hierarquia eclesiástica é se opor deliberadamente a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo O qual vocês dizem enfaticamente que dirige as vossas reuniões. Não entendo como o Espírito Santo pode se levantar contra verdades que Ele mesmo inspirou.
Exemplos:
Hb. 13:7 Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos falaram a palavra de Deus, e, atentando para o êxito da sua carreira, imitai-lhes a fé.
17 Obedecei a vossos guias, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.
24 Saudai a todos os vossos guias e a todos os santos. Os de Itália vos saúdam.

Acho interessante o Espírito Santo inspirando o Escritor aos Hebreus fazer distinção entre os guias e os santos, dando aos guias uma função de destaque nos aspecto hierárquico da igreja primitiva.

O Espírito Santo Inspirou o apóstolo Paulo a falar sobre o sustento financeiro daqueles comissionados a dar tempo integral no serviço cristão. Vejamos:

1Tim. 5:17 Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino.18 Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário.

Jesus em Lucas 10: 1-7 envia 70 numa missão e os ensina a esperarem sustento material daqueles que são abençoados espiritualmente pos eles.

7 Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa.

Jesus não disse: Trabalhem pra não ser pesado para os que aceitarem a mensagem que vocês levam.

Em 1 Tim. 3 Paulo fala da Função do Episcopado deixando claro que eles foram comissionados por Deus para governarem na igreja visível: E isso também está inspirado pelo Espírito Santo.

5 (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);

Com relação ao ministério da Palavra notamos que o Espírito Santo inspira Paulo a escrever sobre o cuidado que se deve ter na escolha de quem desempenha tal função.

2Tim 2:15 Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

O Espírito Santo também inspira Tiago a escrever sobre a responsabilidade da pregação, em especial o ensino da Palavra ao povo de Deus.

Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo.
2 Todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito, e capaz de refrear também todo o corpo.

Poderiamos citar vários outros aspectos, mas pararemos por aqui.

Não escrevemos este comentário para desmerecer o vosso trabalho, mas para tentar ajudar a impedir que a arrogância de se pensar que se encontrou o padrão celestial de igreja aqui na terra domine o coração de alguns.

A igreja orgânica pode ser apresentada como mais uma opção de modelo eclesiológico como são vários outros que também, a exemplo do modelo orgânico ganham espaço no aprisco do Reino de Deus.

Um problema visível neste modelo é ser uma maravilhosa opção para pessoas que tem dificuldade de se submeter a autoridades.
Um segundo, e isto a nível futuro é onde se encontrar obreiros qualificados para orientar tanta gente? Alguns dizem: Nós temos o espaço virtual a nosso favor, porém se esquecem da impessoalidade deste espaço.

Pensem nisso e , continuem trabalhando. Pois, como disse o apóstolo Paulo:

1Cor. 15:58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

Deus vos abençoe!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Salvação Batista

Salvação Batista

Segundo o Manual Básico dos Batistas Nacionais

Página 08, acerca da salvação diz-se o seguinte:

III — A VIDA CRISTÃ

1. A Salvação Pela Graça

A graça é a provisão misericordiosa de Deus para a condição do homem perdido. O homem no seu estado natural é egoísta e orgulhoso; ele está na escravidão de Satanás e espiritualmente morto em transgressões e pecados.

Devido à sua natureza pecaminosa, o homem não pode salvar-se a si mesmo. Mas Deus tem uma atitude benevolente em relação a todos, apesar da corrupção moral e da rebelião. A salvação não é o resultado dos méritos humanos, antes emana do propósito e iniciativa divina. Não vem através de mediação sacramental, nem de treinamento moral, mas como resultado da misericórdia e poder divinos. A salvação do pecado é a dádiva de Deus através de Jesus Cristo, condicionada, apenas, pelo arrependimento em relação a Deus, pela fé em Jesus Cristo e pela entrega incondicional a Ele como Senhor.

A salvação, que vem através da graça, pela fé, coloca o indivíduo em união vital e transformadora com Cristo, e se caracteriza por uma vida de santidade e boas obras. A mesma graça, por meio da qual a pessoa alcança a salvação, dá a certeza e a segurança do perdão contínuo de Deus e de seu auxílio na vida cristã.

A salvação é dádiva de Deus através de Jesus Cristo, condicionada, apenas, pela fé em Cristo e rendição à soberania divina.

Acima vemos a posição Batista Nacional acerca da salvação comum. Porém, na prática observamos em grande percentual o desconhecimento dos próprios pastores Batistas Nacionais desta verdade imprescindível à maturidade e equilíbrio cristão.

Vemos algumas ênfases em nossa confissão de fé a este respeito:

1. Devido à sua natureza pecaminosa, o homem não pode salvar-se a si mesmo.

2. A salvação não é o resultado dos méritos humanos, antes emana do propósito e iniciativa divina.

3. Não vem através de mediação sacramental, nem de treinamento moral, mas como resultado da misericórdia e poder divinos.

4. A mesma graça, por meio da qual a pessoa alcança a salvação, dá a certeza e a segurança do perdão contínuo de Deus e de seu auxílio na vida cristã.

5. A salvação é dádiva de Deus através de Jesus Cristo, condicionada, apenas, pela fé em Cristo e rendição à soberania divina.

Página 20 do Manual dos Batistas Nacionais

III — DO ESPÍRITO SANTO
Cremos que o Espírito Santo é o Espírito de Deus. Ele inspirou homens santos da antiguidade para escrever as escrituras. Capacita homens através de ilu-minação a compreender a verdade. Exalta a Cristo. Convence do pecado, da justiça e do juízo. Atrai homens ao Salvador e efetua regeneração. Cultiva o caráter cristão, conforta os crentes e concede os dons espirituais pelos quais eles servem a Deus através de sua Igreja. Sela o salvo para o dia da redenção final. A presença dEle no cristão é a segurança de Deus para trazer o salvo à plenitude da estatura de Cristo. Ele ilumina e reveste de poder (batismo no Espírito Santo) o crente e a Igreja para a adoração, evangelismo e serviço.
(Gn 1.2; Jz 14.6; Jó 26.13; SI 51.11; 139.7; Is 61.1-3; Jl 2.28-32; Mt 1.18; 3.16; 4.1; 12.28-32; 28.19; Mc 1.10,12; Lc 1.35; 4.1,18, 19; 11.13; 12.2; 24.49; Jo 4.24; 14.16, 17,26; 16.7-14; At 1.8; 2.1-4, 38; 4.31; 5.3; 6.3; 7.55; 8.17, 39; 10.44; 13.2; 15.28; 16.6; 19.1-6; Rm 8.9-11; 14.16, 26, 27; 1Co 2.10-14; 3.16; 12.3-11; Gl 4.6; Ef 1.13,14; 4.30; 5.18; 1Ts 5.19; 2Tm 3.16; 4:1; 2Tm 1.14; 3.16; Hb 9.8,14; 2Pe 1.21; 1Jo 4.13; 5.6,7; Ap 1.10; 22.17).

V — DO MEIO DA SALVAÇÃO
Cremos que a salvação dos pecadores é inteiramente de graça pela mediação do Filho de Deus, o qual, segundo desígnio do Pai, assumiu livremente nossa natureza, mas sem pecado, honrou a lei divina pela sua obediência pessoal, e por sua morte realizou completa expiação dos nossos pecados; que, tendo ressurgido dos mortos, está agora entronizado nos céus e que, unindo em sua maravilhosa pessoa a mais terna simpatia com a perfeição divina, está com-pletamente capacitado para ser o Salvador adequado, compassivo e todo-su-ficiente dos homens. (Sl 34.22; 89.19; Is 42.21; 53.4,5; Mt 18.11; 20.28; Jo 1.1-14; 3.16; At 15.11; Rm 3.21,24,25; 1Co 3.5,7; 15.1-3; 2Co 5.21; Gl 4.4,5; Ef 2.5, 8,9; Fp 2.6-8; Cl 2.9; 3.1-4; Hb 1.3,8; 2.9-14,18; 4.14; 7.25,26; 8.1; 9.13-15; 12.24; 1Jo 2.2-5; 4.10).

Página 21 do Manual dos Batistas Nacionais

VI — DA JUSTIFICAÇÃO
Cremos que a grande bênção do evangelho, que Cristo assegura aos que nEle crêem, é a Justifi cação; que esta inclui o perdão dos pecados e a promessa da vida eterna, baseada nos princípios da justiça; que é conferida, não em con-sideração de quaisquer obras justas que tenhamos feito. Mas exclusivamente pela fé no sangue do Redentor que, em virtude dessa fé, a perfeita justiça de Cristo é livremente imputada por Deus; que ela nos leva ao estado da mais abençoada paz e favor com Deus e nos assegura todas as outras bênçãos ne-cessárias para o tempo e a eternidade. (Is 53.11,12; Zc 13.1; Mt 6.23; 9.6; Jo 1.16; At 10.43; 13.39; Rm 4.4,5; 5.1-3,9,11,17,19,21,22; 6.23; 8.1; 1Co 1.30,31; Ef 3.8; Fp 3.8,9; 3.24-26; 4.23-25; 1Tm 4.8; Tt 3.5,6; 1Jo 2.12,25).

VII — DA GRATUIDADE DA SALVAÇÃO
Cremos que as bênçãos da salvação cabem gratuitamente a todos por meio do evangelho; que é dever imediato de todos aceitá-las com fé obediente, cordial e penitente, e que nada impede a salvação, ainda mesmo do maior pecador da terra, senão sua perversidade inerente à voluntária rejeição do evangelho, a qual agrava a sua condenação. (Pv 1.24; Is 55.1; Mt 11.20; 23.27; Mc 1.15; Lc 14.17; 19.27; Jo 3.19; 5.40; At 13.46; Rm 1.15,17; 9.32; 16.26; 2Ts 1.8; Ap 22.17).

VIII — DA GRAÇA DA REGENERAÇÃO
Cremos que os pecadores para serem salvos precisam ser regenerados, isto é, nascer de novo; que a regeneração consiste na outorga de uma santa dis-posição à mente, e que isso se efetua pelo poder do Espírito Santo de um modo que transcende a nossa compreensão, em conexidade com a verdade divina, de maneira a assegurar-nos nossa obediência voluntária ao evangelho; que a evidência da regeneração transparece nos frutos santos do arrependi-mento e da fé e em novidade de vida. (Dt 30.6; Ez 36.26; Mt 3.8-10; 7.20; Jo 1.13; 3.3,6,8; 7.1; Rm 2.28,29; 5.5; 8.9; 1Co 1.30; 2.14; 12.3; 2Co 5.17; Gl 5.16-23; Ef 2.14-21; 4.20-24; 5.9; Fp 2.13; Cl 3.9-11;Tg 1.16-18; 1Pe 1.20,25 ; 1Jo 4.7;5.1,4; Ap 21:27).

Página 22 do Manual dos Batistas Nacionais

IX — DO ARREPENDIMENTO E DA FÉ
Cremos que o arrependimento e a fé são deveres sagrados e também graças inseparáveis, originadas em nossas almas pelo Espírito regenerador de Deus; que, sendo por essas graças convencidos profundamente de nossa culpa, perigo e incapacidade, bem como do caminho da salvação por Cristo, volta-mo-nos para Deus com sincera contrição, confi ssão e súplica por misericórdia, recebendo ao mesmo tempo de coração o Senhor Jesus Cristo como nosso Profeta, Sacerdote e Rei, e confi ando somente nEle como o único e auto-su-ficiente Salvador. (SI 2.6; SI 51; Mc 1.15; Lc 15.18-21; 18.13; At 2.37,38;3.22,23; 11.18; 16.30,31; Rm 10.9-13; 2Co 7.11; Ef 2.8; 2Tm 1.12; Hb 1.8; 4.14; 7.25; Tg 4.7-10; 1Jo 1.8).

X — DO PROPÓSITO DA GRAÇA DE DEUS
Cremos que a eleição é o eterno propósito de Deus, segundo o qual Ele gra-tuitamente regenera, santifi ca e salva pecadores; que esse propósito, sendo perfeitamente consentâneo com o livre arbítrio do homem, compreende todos os meios que concorrem para esse fi m. Que é gloriosa manifestação da soberana vontade de Deus que é infi nitamente livre, sábia, santa e imutável; que exclui inteiramente a jactância e promove a humildade, o amor, a oração, o louvor, a confi ança em Deus, bem como a imitação ativa de sua livre mi-sericórdia; que encoraja o uso dos meios de santifi cação no grau mais eleva-do e pode ser verifi cada por seus efeitos em todos aqueles que realmente crêem no evangelho; que é o fundamento de segurança cristã e que o verificá-la, a respeito de nós mesmos, exige e merece a nossa maior diligência. (Êx 33.18,19; Is 42.16; Jr 31.3; Mt 20.13,16; Lc 18.7; Jo 6.37-40; 10.16; 14.23;15.16; At 1.24; 13.48; 15.14; Rm 3.27; 4.16; 8.28-30; 9.23,24; 11.5,6,28,29,32-36; 1Co 1.26,31; 3.3,7; 4.7; 9.22;15.10; Ef 1.3-14; Ef 1.16; Ef 1.11; Fp. 3.12; Cl 3.12; 1Ts 1.4-10; 2.12; 2Ts 2.13,14; 2Tm 1.8-10; Hb 6.11; Tg 1.17,18; 2.18; 1Pe 1.1,2; 2.9; 5.10; 2Pe 1.10; 1Jo 4.19).

XI — DA SANTIFICAÇÃO
Cremos que a Santificação é o processo pelo qual, de acordo com a vontade de Deus, somos feitos participantes de sua santidade; que é uma obra pro-gressiva que se inicia na regeneração; que é continua da nos corações dos crentes pela presença do Espírito Santo, o Confi rmador e Confortador, no uso contínuo dos meios indicados, especialmente a palavra de Deus, o exame próprio, a renúncia, a vigilância e a oração. (Pv 4.18; Mt 26.41; Lc 9.23; 11.35;Jô 3.6; Rm 8.5; 2Co 7.1; 13.5,9; Ef 1.4,13,14; 4.3,11,12; 6.18; Fp 1.9-11; 2.12,13; 1Ts 4.3; 5.23; Hb 6.1; 1Pe 2.2; 2Pe 1.5-8; 3.18; 1Jo 2.29).

Página 23 do Manual dos Batistas Nacionais

XII — DA PERSEVERANÇA DOS SANTOS
Cremos que só são crentes verdadeiros aqueles que perseveram até o fim; que a sua ligação perseverante com Cristo é o grande sinal que os distingue dos que professam superfi cialmente; que uma providência especial vela pelo seu bem-estar e que são guardados pelo poder de Deus mediante a fé para a salvação. (SI 19.11,12; 121.3; Jr 32.40; Mt 6.30-33; 13.20,21; Jo 6.66-69;8.31;
Rm 8.28; Ef 4.30; Fp 1.6; 2.12,13; Hb 1.14; 13.5; 1Pe 1.5; 1Jo 2.27,28; 3.9;5.18; Jd 24).

Um membro de uma Igreja Batista Nacional tendo conhecimento dessas verdades, e ainda assim crê na perda de salvação, ele está simplesmente desprezando nossa declaração Denominacional de Fé acerca da Salvação.

Comentário

O alicerce primário da experiência do cristão é a a fé obra de Cristo feita em seu favor trazendo sobre ele salvação de forma gratuita, imerecida e definitiva. (Cf. Romanos 3:24-25). Definitivamente são os méritos de Cristo: Sua Obediência e Seu martírio, a causa eficaz de nossa segurança.

Na Igreja primitiva existia um grupo denominados de judaizantes que queriam obrigar os gentios novos-conversos a se submeterem a obediência a lei de Moisés sob pena da perda de sua salvação se assim não o fizessem, ainda que professassem fé em Cristo ( Cf. Atos 15:1). O Apóstolo Paulo escreve no primeiro capítulo de sua carta aos Gálatas, mas especificamente dos versos 6 ao 9 que: (grifo meu) Se alguém pregasse que, para salvação de um pecador era necessário fazer-se mais alguma coisa além da obra que Cristo fez, esta pregação do evangelho era falsa (v. 6) e Amaldiçoada (v. 8-9). Infelizmente temos muitos pregadores malditos no mundo ensinando que para que uma pessoa tenha certeza de salvação ela precisa crer em Cristo e depois fazer a sua parte.

O que leva uma pessoa professamente cristã acreditar que a obra de Cristo não foi suficiente para lhe conceder uma salvação gratuita, imerecida e definitiva?

Ignorância acerca da Graça de Deus para salvação; (Cf. Efésios 2:8-9)
Ignorância acerca da Nova Aliança estabelecida por Deus com Sua Igreja; (Cf. 1 Coríntios 11:25)
Ignorância acerca da obra realizada pelo Espírito Santo desde a operação do Novo Nascimento e a consumação do obra na glorificação. (Cf. Efésios 1:13-14)
Ignorância acerca da doutrina da Redenção; da propiciação e da Expiação oferecidas por Cristo em Sua obra e sacrifício; (Cf. Hebreus 9:12; Romanos 3:24)
Ignorância acerca da Ordem da Salvação, bem como dos tempos das mesmas; (Cf. Romanos 8:28-30)
Ignorância acerca da segurança da Salvação; (Cf. Romanos 8:35-39; João 5:24; Hebreus 10:39)
Ignorância acerca do papel das três pessoas da Trindade na obra da Salvação; (Cf. Efésios 1:4-14; 4:30)
Ignorância acerca da doutrina do Reino dos Céus; (Cf. Mateus 3:2; 10:7; 12:28)
Ignorância acerca da doutrina da Vida Eterna; (João 3:16 e 5:24)
Ignorância acerca da Teologia do Pecado e suas conseqüências; (Cf. Romanos 3:23; 6:23)
Má aplicação ou desprezo dos princípios de interpretação e da exegese bíblicos; (Cf.2 Timóteo 2:15)
Ignorância acerca da Declaração de Fé dos Batistas Nacionais no que diz respeito a Doutrina da Salvação. ( Cf. Manual dos Batistas Nacionais pag. 8; 20;
Insensibilidade ou cauterização de sua mente contra toda a doutrina que enfatize a segurança do cristão. Pois o preconceito que o escraviza, o fará ver esta ênfase como uma doutrina calvinista, e não bíblica: Seu preconceito certamente o cegará para a verdade.(Cf. 1 Timóteo 4:2) (Ler João 5:24)

Por:
Pastor Renildo Ferreira da Silva
Igreja Batista Nacional
Santa Rosa do Sul – SC
1° vice-presidente da CBN-SC
Relator da Comissão de Avaliação de candidatos ao Ministério Pastoral – ORMIBAN-SC
Coordenador do CEFORM – Centro de Formação e Reciclagem Ministerial da CBN-SC

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Diferença entre o Crente e o Discípulo

Diferença entre Crente e Discípulo
“Todo discípulo é um crente, mas nem todo crente é um discípulo...

· O crente adora a Deus em cada culto; o discípulo adora a Deus em todo o tempo.

· O crente pertence a uma instituição; o discípulo é membro do Corpo de Cristo.

· O crente costuma esperar pães e peixes; o discípulo é um pescador.

· O crente luta para crescer; o discípulo, para reproduzir.

· O crente se ganha; o discípulo se faz.

. O crente que ser abençoado, o discípulo que ser uma benção.

· O crente se sustenta para o resto de sua vida com o leite espiritual (Hb 5.12); o discípulo é desmamado para servir (1 Sm 1.23,24).

· O crente gosta de elogio; o discípulo, de sacrifício vivo.

· O crente entrega parte de seus lucros; o discípulo entrega toda a sua vida.

· O crente pode cair na rotina; o discípulo é um revolucionário.

· O crente busca ânimo em meio à fraqueza; o discípulo sabe, como Paulo, que “quando sou fraco, então sou forte”.

· O crente espera que lhe designem tarefas; o discípulo é solícito em assumir responsabilidades.

· O crente às vezes reclama; o discípulo obedece e nega-se a si mesmo.

· O crente costuma ser condicionado pelas circunstancias; o discípulo aproveita as circunstancias para exercer a sua fé.

· O crente reclama que não lhe visitam; o discípulo visita.

· O crente procura na Palavra promessas para a sua vida; o discípulo procura cumprir sua parte nas promessas da Palavra.

· Os crentes esperam por milagres; os discípulos operam milagres.

· Os crentes enchem o templo; os discípulos conquistam o mundo.

· Os crentes costumam ser fortes como soldados aquartelados; os discípulos são soldados invasores.

· O crente cuida das estacas de sua tenda; o discípulo amplia o lugar da sua tenda.

· O crente cria hábitos; o discípulo rompe com as formas.

· O crente sonha com a igreja ideal; o discípulo trabalha para a igreja real.

· A meta do crente é ganhar o céu; a meta do discípulo é ganhar vidas para o céu.

· O crente necessita de campanhas para animar-se; o discípulo vive em campanha porque está animado.

· O crente espera um avivamento; o discípulo é parte dele.

· O crente se lamenta por não ter ambiente na congregação; o discípulo cria ambiente na congregação.

· O crente se enreda com o joio; o discípulo não se deixa confundir.

· O crente é um talvez; o discípulo é um “Eis-me aqui”.

· O crente espera que orem por ele; o discípulo é um intercessor que se põe na brecha a favor dos demais.

· O crente se congrega para encontrar o Senhor; o discípulo atrai a presença do Espírito do Senhor.

· O crente espera que interpretem para ele as Escrituras; o discípulo conhece o Senhor, tem revelação e discernimento.

· O crente busca conselhos dos demais para tomar uma decisão; o discípulo é um ser inspirado por Deus e suas decisões são direcionadas pelo Espírito Santo.

· O crente espera que o mundo se aperfeiçoe; o discípulo sabe que este não é o Reino de Deus e espera a vinda de Jesus.”

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

R$ 900,00 Jamais!!!!!!

A SEDUÇÃO DO ENGANO

Mateus 24: 11 Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; ... 24 porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.

Introdução: Há algumas semanas atrás observamos um caso de exploração da fé cristã. Um pregador, pedindo dinheiro em nome de Deus, prometeu a quem enviasse R$ 900,00 para aquele programa, Deus iria abençoa-lo com uma coisa que não existe ( a unção financeira dos últimos dias) e iria cumprir todas as promessas que havia feito e ainda não cumpriu.

Ver o Vídeo programa.

Porque devemos ignorar como povo de Deus esta suposta “revelação”?

1. Porque Dt. 28:2 é uma profecia dada a Israel para o seu relacionamento com Deus na conquista da terra da promessa, e a Palavra a ser guardada era a lei de Deus e não uma profecia do referido pregador.

2. Porque o relacionamento de Deus com seu povo na nova aliança não é condicional como na antiga, mas, soberana. (Ex. 19:5 - 5 Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu pacto, então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra; 6 e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. X Ez. 36:25-27) 25 Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei. 26 Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. 27 Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.

3. Usar Deut. 28:1-2 para igreja é afirmar a possibilidade de uma maldição atingir a vida do crente e isso é uma heresia absurda. Rom. 8:1 e Gal. 3:13.

4. Porque o cumprimento de uma profecia não é aval para que possamos dizer que foi Deus quem falou. (Mt. 7:22) dizer que é, é uma meia verdade.

5. Porque os propósitos e promessas de Deus estão na esfera do decreto e não da condição. (Jó 42:2; Ecl. 3:1). Não podemos forçar, atrasar ou adiantar o seu cumprimento.

6. Porque Deus não promete o que não existe! (“Unção financeira”). 1Jo 2:20,27.

7. Porque nem Jesus Cristo e nem os apóstolos incentivaram os cristãos a correrem atrás de riquezas, aliás, expuseram os perigos dessa busca. Ter riquezas não significa ter uma vida sem lutas, mas sim, chamar para si muitas lutas.

Mt. 13: 22 E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.

1Tim. 6: 10 Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.

Mt. 6:24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Mc. 10: 23 Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!

8. Porque o que recebemos da parte de Deus na Nova Aliança é fruto da graça e não do pagamento adiantado de um suposto sinal. Ef. 2: 18 porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.

9. Porque Deus não faz acepção de pessoas, pois esta suposta profecia deixa de fora a maior parte do povo de Deus, porque a oferta exigida como sinal pela benção é muito superior ao que a maioria ganha. Deus estaria abençoando somente quem já tem: Isso é teologia da prosperidade americana e não ensino bíblico e contrária a perspectiva ministerial de Cristo.

Lc. 4:18 - 18 O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos [pobres]; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,

10. Porque quem cede a um apelo como esse apenas demonstra onde realmente está o seu coração e a que Deus realmente ele serve.

Mt. 6: 21 Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

11. Porque quem cede a um apelo como esse apenas demonstra sua profunda ignorância e descaso para com a Bíblia Sagrada.

Heb. 5:11-13 - 11 Sobre isso temos muito que dizer, mas de difícil interpretação, porquanto vos tornastes tardios em ouvir. 12 Porque, desde a infância sabes as sagradas letras, que podem necessitais de que se vos torne a ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito tais que precisais de leite, e não de alimento sólido. 13 Ora, qualquer que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança; 14 mas o alimento sólido é para os adultos, os quais têm, pela prática, as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal.

12. Ignora o fato de que na igreja primitiva muitos perderam seus bens (com alegria) por causa dos tesouros do reino.

Heb. 10: 34 Pois não só vos compadecestes dos que estavam nas prisões, mas também com gozo aceitastes a espoliação dos vossos bens, sabendo que vós tendes uma possessão melhor e permanente.

13. Porque as suas falsas afirmações não encontram apoio no Novo Testamento, mas somente no Antigo e isso forçando hermenêuticamente o texto.

14. Porque é inconcebível se utilizar a numerologia, e não a Bíblia com alicerce para se falar em nome de Deus.

Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz a Igreja.

Concluindo:

Eu achei o acontecido o fim da picada, até que domingo passado, escutando um programa “gospel” no rádio ouvi o pregador dizer que: “... quem enviasse uma oferta mínima de R$ 20,00 para aquele programa, Deus era obrigado a abençoa-lo ...”

Lembremo-nos dos avisos contidos nas Escrituras Sagradas:

“1 E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.

2 E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.

3 E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.

Jesus certa feita falou com seus discípulos sobre Seu sofrimento ao ir para Jerusalém, mas Pedro o repreendeu dizendo: De maneira nenhuma isso te sucederá! Jesus respondeu ...

Mt. 16: 23 Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

PASCOA CRISTÃ

PÁSCOA CRISTÃ – Mandamento ou Tradição

O que não é Páscoa?

· Páscoa não é dia de dar-se ovos de presente.
· Não é dia de comer peixe.
· Não é dia de penitência ou de auto-flagelação.
· Não é dia de coelho;
· Páscoa não é uma festa originariamente cristã.

Simbolizando a renovação da vida, a volta da primavera e a ressurreição de Cristo, a páscoa está presente em todo mundo. Até mesmo onde o cristianismo não é conhecido ou onde as religiões pagãs são a grande maioria.

Ela já existia muitos séculos antes de Cristo como uma doutrina originária da Babilônia, ao mesmo tempo que era praticada pelo povo de Israel em comemoração a sua saída do Egito.

O Ovo simbolizando começo, origem de tudo, abriu caminho para outras tradições. Ele é oriundo da mitologia antiga, nas religiões do oriente, nas tradições populares e uma grande parte do cristianismo.

Os ovos chegaram ao ocidente vindo do Antigo Egito. Na idade média os europeus adotaram o costume chinês de enfeitar os ovos que eram cozidos e coloridos, e davam-se aos amigos na festa da primavera como lembrança da contínua renovação da vida.

Colorir ovos se tornou uma arte requintada.

No século XVIII a Igreja Católica Romana adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo, santificando ou cristianizando um costume originariamente pagão. Pilhas de ovos coloridos eram benzidos antes de serem distribuídos aos fiéis.

O coelho como símbolo da fertilidade surgiu por volta de 1215 na França, derivando-se também dos mistérios da Babilônia.

Modernamente o costume pagão de presentear os amigos na páscoa continua, não com ovos de galinha, mas com ovos de chocolate. Este apareceu mais ou menos em 1928 com a industrialização do produto.

Tanto o ovo como o coelho são costumes pagãos que foram cristianizados (introduzidos no cristianismo como costume originariamente cristão quando não o são)

Biblicamente, a Páscoa é exclusivamente uma festa judaica estabelecida por Deus para ser comemorada pelo povo de Israel, o povo judeu celebrando a sua libertação da terra do Egito.

No capítulo 12 de gênesis, Deus ordena o povo ao sacrifício de páscoa, para que todo primogênito de Israel fosse salvo do juízo divino e através disto deu-se início a libertação do povo de Israel da terra do Egito.

Gn.12:24-78 demonstram o propósito deste rito:

"... E acontecerá que quando entrardes na terra que o Senhor vos dará, guardareis este culto. E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: que culto é este vosso? Então direis: Este é o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípicios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou..." (Êx: 12:25-27)

Passagem do Anjo do Senhor
Páscoa =
Passagem pelo Mar Vermelho

A páscoa prefigurava a pessoa de Cristo que foi sacrificado por nós.

Cristo foi imolado (crucificado) no dia da páscoa às nove horas da manhã e expirou as três da tarde quando o sacerdote imolava o cordeiro pascal.

A páscoa bíblica consumou-se em Cristo que instituiu a ceia do Senhor como novo memorial no qual o crente comemora a morte do Senhor até que venha e sua libertação da condenação do pecado.

“Não há no N. T. lugar para a páscoa ou outras festividades mosaicas, as quais foram, para os gentios, abolidas na cruz.”

Jô.6:53-54 está escrito:

“ Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes do seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.
Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressucitarei no último dia.”

Jesus não estava falando literalmente, mas o sentido real causou um impacto muito grande. Comer carne humana e beber sangue era algo odioso na perspectiva dos judeus.

Quem é o que come da carne e bebe o sangue de Cristo?

I – É aquele que crê em Cristo, em tudo que disse que era, ensinou e fez. (Vs 35,40)
II – É aquele que o Pai conduziu a presença do Filho. (Vs. 37,14)
III – É aquele que é ensinado pelo próprio Deus. (v.45)

Bênçãos Provenientes destes atos:

a. Identificação. (Partilhar da natureza)
b. União Mística. (Relacionamento íntimo, comunhão)
c. Morte do Eu. (Gl.2:20)
d. Certeza de vida eterna.
e. Participação na família de Deus como filhos. (Jô.1:12)
f. Confiança na ressurreição. (1Cor.5)

Cristo é a nossa páscoa. A ceia do Senhor é o nosso memorial de libertação.
1cor.5: 7 Expurgai o fermento velho, para que sejais massa nova, assim como sois sem fermento. Porque Cristo, nossa [páscoa], já foi sacrificado.
1Cor.11:23-31

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

1 Timóteo 4

1 Timóteo 1:1-4
por
João Calvino.

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus segundo o mandato de Deus, nosso Salvador, e do Cristo Jesus, esperança nossa, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus o Pai, e de Cristo Jesus nosso Senhor. Como te exortei a permaneceres em Éfeso, quando de viagem para Macedônia, que ordenasses a certos homens a não ensinarem uma doutrina diferente, tampouco se ocupassem de fábulas e genealogias intermináveis, que mais produzem questionamentos do que a edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
1. Paulo, apóstolo. Se porventura houvera ele escrito tão-somente a Timóteo, não haveria necessidade alguma de anunciar seus títulos e reafirmar suas reivindicações ao apostolado, como o faz aqui, pois certamente Timóteo ficaria suficientemente satisfeito como simples nome. Ele sabia que Paulo era apóstolo de Cristo, e não havia necessidade de comprovação alguma para convencê-lo, pois ele estava perfeitamente disposto a reconhecê-lo, e há muito que nutria tal sentimento. Portanto Paulo está aqui visando a outros que não estavam tão dispostos a dar-lhe ouvidos ou tão prontos a aceitar o que ele dizia. É por causa desses 'outros' que ele declara seu apostolado, a fim de que parassem de tratar o que ele ensina como se fosse algo sem importância.
E ele também alega que seu apostolado é pelo mandato ou designação de Deus, visto que ninguém pode fazer de si próprio um apóstolo. Mas o homem a quem Deus designara é apóstolo genuíno e digno de toda honra. Ele, porém, não tem a Deus o Pai como a única fonte de seu apostolado, senão que adiciona também o nome de Cristo. Pois, no governo da Igreja, o Pai nada faz que não seja através do Filho, de modo que todas as suas ações são assumidas juntamente com o Filho. Ele denomina a Deus de o Salvador, título este mais comumente destinado ao Filho. E no entanto é um título perfeitamente apropriado ao próprio Pai, pois foi ele quem nos deu seu Filho, de modo que é justo destinar-lhe a glória de nossa salvação. Pois somos salvos unicamente porque o Pai nos amou de tal maneira, que foi de sua vontade redimir-nos e salvar-nos através do Filho. A Cristo ele denomina de esperança nossa, título este que pertence especificamente a ele, pois é só quando olhamos para ele que começamos a desfrutar de boa esperança, porquanto é tão-somente nele que se encontra toda a nossa salvação.
2. A Timóteo, meu verdadeiro filho. Esta qualificação comunica grande honra a Timóteo, pois Paulo o reconhece como seu filho legítimo, não menos digno que seu pai, e deseja que outros o reconheçam como tal. De fato, ele enaltece a Timóteo como se ele fosse outro Paulo. Todavia, como seria isso consistente com o mandamento de Cristo: “A ninguém sobre a terra chameis vosso pai” [Mateus 23:9], e com a própria afirmação do apóstolo: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muito pais”; “não havereis de estar em muito maior submissão ao Pai dos espíritos” [1 Coríntios 4:15; Hebreus 12:9]? Minha resposta é que a alegação de Paulo de ser pai de forma alguma anula ou diminui a honra devida a Deus. Diz-se com freqüência que, se uma coisa é subordinada a outra, não haverá conflito entre elas. Isso procede no tocante à reivindicação de Paulo ao título pai em relação a Deus. Deus é o único Pai de todos no âmbito da fé, porquanto regenera a todos os crentes pela instrumentalidade de sua Palavra e pelo poder de seu Espírito, e é exclusivamente ele que confere a fé. Aqueles a quem graciosamente lhe apraz empregar como seus ministros, ao fazer isso ele admite que participem de sua honra, todavia sem resignar nada de si próprio. Assim, Deus era o Pai espiritual de Timóteo, e, estritamente falando, exclusivamente ele; Paulo, porém, que fora ministro de Deus no novo nascimento de Timóteo, reivindica para si direito ao título, porém em segundo plano.
Graça, misericórdia e paz. Ao introduzir aqui a palavra misericórdia em segundo plano, ele se afasta de seu método usual, provavelmente em função de seu amor especial por Timóteo. Ele, porém, não está observando a ordem exata das palavras, pois coloca 'graça' em primeiro lugar, quando devia estar em segundo, uma vez que é da misericórdia que a graça emana. É em razão de ser misericordioso que Deus primeiro nos recebe em sua graça, e então prossegue nos amando. Mas é perfeitamente normal mencionar a causa e em seguida o efeito, à guisa de explicação. Já discorri sobre a graça e a paz em outro lugar.
3. Como te exortei. Ou a afirmação é deixada incompleta, ou a partícula i[na é redundante; em ambos os casos, porém, o significado é óbvio. Primeiramente, ele lembra a Timóteo por que lhe pedia que ficasse em Éfeso. Foi com grande relutância, e só sob compulsão da necessidade, que Paulo se deixara separar de um assistente tão amado e fiel como Timóteo, para que, como seu correspondente, pudesse levar a cabo os deveres que demandavam a responsabilidade que não havia em nenhum outro para que se cumprissem. Isso deve ter exercido uma profunda influência em Timóteo, não só por tê-lo impedido de desperdiçar seu tempo, mas o ajudou a comportar-se de maneira excelente, além do comum. Ele aqui também encoraja Timóteo a opor-se aos falsos mestres que estavam adulterando a doutrina em sua pureza. Neste apelo para Timóteo cumprir seu dever em Éfeso, devemos notar a piedosa preocupação do apóstolo. Porque, enquanto se esforçava por estabelecer muitas novas igrejas, ele não deixava as anteriores destituídas de pastor. Indubitavelmente, como diz o escritor, “Para manter a salvo o que você já conquistou necessita-se de tanta habilidade quanta para conquistá-lo”. A palavra ordenar compreende autoridade, pois era o propósito de Paulo revestir a Timóteo com autoridade para que pudesse ele refrear a outros.
A não ensinarem uma doutrina diferente. O termo grego, eterodidaskalei~n [heterodidaskalein], que Paulo usa aqui, é composto, e pode ser traduzido num sentido ou de “ensinar de modo diferente, fazendo uso de um novo método”, ou “ensinar uma nova doutrina”. A tradução de Erasmo, “seguir uma nova doutrina”, não me satisfaz, visto que a mesma poderia aplicar-se tanto aos ouvintes quanto aos mestres. Se lemos: “ensinar de uma forma diferente”, o significado será mais amplo, pois Paulo estaria proibindo a Timóteo de permitir a introdução de novos métodos de ensino que sejam incompatíveis com o modo legítimo e genuíno que lhe havia comunicado. Assim, na segunda epístola, ele não aconselha Timóteo a simplesmente conservar a substância de seu ensino, mas usa o termo upotu>pwsiv, o qual significa uma semelhança viva de seu ensino. Como a verdade de Deus é única, assim não há senão um só método de ensiná-la, o qual se acha livre de falta pretensão e que degusta mais saborosamente a majestade do Espírito do que as demonstrações externas de eloqüência humana. Se alguém se aparta disso, ele deforma e vicia a própria doutrina; e assim, “ensinar de maneira diferente”, aponta para a forma.
Se lermos: “ensinar algo diferente”, então a referência será à substância do próprio ensino. É digno de nota que, por nova doutrina, significa não só o ensino que está em franco conflito com a sã doutrina do evangelho, mas também tudo o que, ou corrompe a pureza do evangelho por meio de invenções novas e adventícias, ou o obscurece por meio de especulações irreverentes. Todas as manipulações humanas são outras tantas corrupções do evangelho, e aqueles que fazem mau uso das Escrituras, como costumam fazer as pessoas ímpias, fazendo do Cristianismo uma engenhosa exibição, obscurecem o evangelho. Todo ensino desse gênero é oposto à Palavra de Deus e àquela pureza da doutrina na qual Paulo ordena aos efésios a permanecerem firmes.
4. Tampouco se ocupem de fábulas. Em minha opinião, o apóstolo quer dizer, por fábulas, não tanto as falsidades excogitadas, mas principalmente aqueles contos fúteis e levianos que não têm em si nada de sólido. Uma coisa pode não ser em si mesma falsa, e no entanto ser fabulosa. É nesse sentido que Suetônio falou de “história fabulosa”, e Levi usa o verbo fabulari [inventar fábulas], no sentido de palavrório tolo e irracional. Não há dúvida de que mu~qov [muthos], o termo que Paulo usa aqui, significa em grego fluari>a [fluaria], bagatelas, e quando ele menciona um tipo de fábula como exemplo do que tem em mente, toda dúvida se esvai. Ele inclui entre fábulas as controvérsias sobre genealogias, não porque tudo o que se pode dizer sobre elas seja fictício, mas porque é tolice e perda de tempo.
A passagem, portanto, pode ser tomada no seguinte sentido: não devem atentar para as fábulas como se fossem do mesmo caráter e descrição das genealogias. De fato é isso precisamente o que Suetônio quis dizer por história fabulosa, a qual, mesmo entre os homens das letras, tem sido com justa razão criticada pelas pessoas de bom senso. Pois era impossível não considerar ridícula essa curiosidade que, negligenciando o conhecimento útil, passou a vida inteira investigando a genealogia de Aquiles e Ajax, e despendeu suas energias em contar os filhos de Príamo. Se tal coisa é intolerável no aprendizado em salas de aulas, onde há espaço para agradável passa-tempo, quanto mais intolerável será a mesma para o nosso conhecimento de Deus. Ele fala de genealogias intermináveis, porque a fútil curiosidade não tem limites, mas continuamente passa de um labirinto a outro.
Que mais produzem questionamentos. Ele julga a doutrina por seu fruto. Tudo o que não edifica deve ser rejeitado, ainda que não tenha nenhum outro defeito; e tudo o que só serve para suscitar controvérsia deve ser duplamente condenado. Tais são as questões sutis nas quais os homens ambiciosos praticam suas habilidades. É mister que nos lembremos de que todas as doutrinas devem ser comprovadas mediante esta regra: aquelas que contribuem para a edificação devem ser aprovadas, mas aquelas que ocasionam motivos para controvérsias infrutíferas devem ser rejeitadas como indignas da Igreja de Deus. Se este teste houvera sido aplicado há muitos séculos, então, ainda que a religião viesse a se corromper por muitos erros, ao menos a arte diabólica das controvérsias ferinas, a qual recebeu a aprovação da teologia escolástica, não haveria prevalecido em grau tão elevado. Pois tal teologia outra coisa não é senão contendas e vãs especulações sem qualquer conteúdo de real valor. Por mais versado um homem seja nela; mais miserável o devemos considerar. Estou cônscio dos argumentos plausíveis com que ela é defendida, mas jamais descobrirão que Paulo haja falado em vão ao condenar aqui tudo quanto é da mesma natureza.
A edificação de Deus [aedificationem Dei]. Sutilezas desse gênero edificam os homens na soberba e na vaidade, mas não em Deus. O apóstolo fala de edificação que é segundo a piedade, seja porque Deus a aprova, seja porque ela é obediente a Deus, e nisso ele inclui o amor uns pelos outros, o temor de Deus e o arrependimento, pois todos esses elementos são frutos da fé que sempre nos conduz à piedade. Sabendo que todo o culto divino é fundamentado tão-somente na fé, ele creu ser suficiente mencionar a fé da qual dependem todas as coisas.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cristãos inoperantes.

Ricardo Gondim

Cresce, a cada dia, minha inquietação com algumas expressões da cristandade ocidental. Noto, por um lado, uma piedade desencarnada, sem relevância diante da vida, destituída de racionalidade e pobre de bom senso.
Percebo, por outro lado, uma espiritualidade cheia de boa vontade, recheada de “profetismos” e indignações, mas impotente e que pouco contribui na construção da história.
Minhas intuições mais primitivas me mostram algumas coisas. Antes! De antemão, já sei que estou perdendo uma grande parcela de pensadores cristãos que não valorizam as intuições no exercício teológico. Tudo bem. Adianto apenas que, ao falar de intuição, valho-me de meu berço pentecostal que me autoriza a também pensar com as entranhas.
Vamos aos meus “insights”:
1. Sugiro que se considere o livro de Eclesiastes como um dos principais eixos hermenêuticos para se compreender a Bíblia. Ele precisa ser levado mais a sério. Enquanto os evangélicos não tiverem coragem para encarar a vida com suas contingências, aleatorieades e com o porvir em aberto, não tem jeito, eles permanecerão de mãos atadas para transformar a realidade. O pretenso axioma de que o fim da história já está pronto, levará, por mais que se diga que não, a um fatalismo. Ora, se a história segue por trilhos que a Providência estabeleceu antes da fundação do mundo, mesmo que cruzemos os braços (postura que só nos traria prejuízo, aquiesço) ela chegará ao seu destino sem depender de nós. Esta compreensão, mesmo que sutilíssima, gera inoperância. Qual o futuro do Brasil? Se ele já estiver pronto, se já for conhecido plenamente, (não como possibilidade, mas como realidade) aqueles que não cooperarem, só perderão a oportunidade de serem participantes, porque o Brasil se transformará no que tiver de ser. Claro que existe um certo conforto em pensar no futuro como algo já determinado, e essa acomodação estanca a verve transformadora.
2. Percebo que alguns têm medo de rever seus conceitos de soberania divina; apavoram-se com a possibilidade de estarem diminuindo suas convicções teológicas e sentimentais sobre a onipotência divina. Nada mais próximo do sacrilégio, para alguns. Esses, sem conseguirem criticar a compreensão do senso comum sobre soberania divina, repetem que tudo está sob o controle absoluto de Deus e que nada acontece sem que ele tenha um propósito. Assim, estabelecem como verdade, mesmo sem perceberem, que todos os mínimos detalhes e todos os acontecimentos e desdobramentos do que existe é parte de um plano cósmico. Favelas? Desgraças mundiais? Terrorismo? Estupros? Tudo, absolutamente tudo, afirmam resolutos, faz parte da vontade de Deus e redundará em glória para o seu nome. Eu, porém, atrevo-me a dizer outras coisas sobre o assunto. Acredito que nem tudo o que acontece foi previsto, antecipado ou participa de uma intricada engrenagem celestial. Na minha opinião, a injusta distribuição da riqueza mundial, os gastos exorbitantes com armas e bombas, a cultura do acúmulo, do desperdício e do consumismo e até o moderno mito do progresso que destrói os ecossistemas, não têm nada a ver com Deus. Ele não pode pagar a conta do nosso egoísmo, da nossa perversidade e da nossa indiferença. A não ser que os evangélicos abandonem seus pressupostos deterministas da história, a ação cristã permanecerá à margem dos verdadeiros processos de mudança da realidade. 3. Noto que a doutrina da salvação (soteriologia) cristã joga para depois da morte, o processo que deveria salvar as pessoas para dentro da história. Cristo não salva apenas para garantir um "pós sepultura" de alegrias perenes. Ele deseja que seus discípulos experimentem, no quotidiano, uma qualidade de vida já contaminada de eternidade. A alvissareira mensagem evangélica anuncia que não basta salvar indivíduos de si mesmos, eles precisam ser salvos para o próximo; não basta salvar indivíduos do diabo, eles precisam ser salvos para não demonizarem suas relações sociais; não basta salvar os indivíduos do mundo, eles precisam ser salvos para voltar ao mundo e salgá-lo.
Enquanto não se criar coragem para repensar alguns pressupostos aceitos como dogmas e sem reflexão crítica, os cristãos continuarão se indignando com a morte de crianças, continuarão engrossando o coro dos revoltados, continuarão esmurrando mesas sagradas, mas pouco contribuirão para mudar a existência.
Religião só tem sentido quando afirma que o mundo não está do jeito que deveria; e o verdadeiro cristão precisa querer mudá-lo.Quem se atreve?
Soli Deo Gloria.