quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

AVIVAMENTO E MEMBROS DE IGREJA NÃO-REGENERADOS I

Abordando o Problema
Jim Elliff

Permita-me iniciar este artigo, ilustrando por meio de fatos vistos em igrejas de minha própria denominação, nas quais preguei recentemente.
· Em uma igreja, havia uma admirável presença de 2000 pessoas no domingo pela manhã; mas existia 7000 no rol de membros e apenas 600 ou 700 nos cultos da noite. Excluamos os visitantes, e a quantidade representará menos do que 10% do número de membros.

· Em outra igreja, havia 2100 pessoas no rol de membros, das quais 725 vinham à igreja no domingo de manhã. Se retirarmos os visitantes e as crianças não pertencentes à membresia da igreja, o número de participantes cairá para 600. Somente um terço desta quantidade freqüentava o culto de domingo à noite. E isto representa menos de 10% do número de membros.

· Outra igreja tinha 310 pessoas em sua membresia, das quais aproximadamente 100 freqüentavam as reuniões de domingo pela manhã. Apenas 30 a 35 (ou seja 10%) vinham ao culto de adoração à noite.

Todas estas são consideradas ótimas igrejas e possuem um nível de liderança e visão bastante competente. Alguns que se encontram internados em hospitais e outros que estão doentes ou em viagem amenizam esta realidade, mas não o suficiente para mudar o triste panorama, especialmente quando recordamos que esses números representam pessoas batizadas. O que estes fatos nos sugerem?

OS CRENTES QUE SE AUSENTAM DOS CULTOS NÃO SÃO VERDADEIROS CRENTES!

Em primeiro lugar, estes fatos revelam que muitos dos que estão inscritos em nossas listas de membros demonstram pouca evidência de que amam os irmãos Š um sinal claro de serem indivíduos não-regenerados.
(1 Jo 3.14 – “14 Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte.”).

É impossível acreditarmos que existe qualquer genuíno amor fraternal nos corações de pessoas que não vêm à igreja ou apenas marcam presença como em um exercício cultural. O amor é a principal característica de um verdadeiro crente
(1 Jo 3.14-19 – “14 Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte.
15 Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.
16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos.
17 Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?
18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade.
19 Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranqüilizaremos o nosso coração;).

Em segundo, esses números sugerem que os ausentes ou os que vêm apenas no domingo pela manhã estão mais interessados em si mesmos do que em Deus. Apresentando isto nas palavras de Paulo, tais pessoas se inclinam para as coisas da carne e não para as coisas do Espírito.
(Rm 8.5-9 – “5 Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.
6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser;
8 e os que estão na carne não podem agradar a Deus.
9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.).

A atmosfera que mais as satisfaz é a do mundo e não a de Deus. São capazes de permanecer na igreja enquanto Deus as faz sentirem-se melhor a respeito de si mesmas. Mas, além disso, com muita delicadeza recusarão envolver-se nas coisas dele.
“Para alguns, comprometer-se significa vir aos cultos de vez em quando; para outros, a vida cristã consiste em uma farisaica e estéril ida à igreja cada domingo.”

Embora estas pessoas tenham feito ia oração do pecador, vindo à frente e sido informadas de que agora são crentes, as coisas velhas realmente ainda não passaram e as novas ainda não vieram; elas não mostram ser novas criaturas em Cristo.
(2Co 5.17 – “17 Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”).

Em muitos casos, podem ser vistos os evidentes sinais de um coração não-regenerado, tais como adultério, fornicação, avareza e dissensão. Estes são crentes professos, a respeito dos quais a Bíblia afirma estarem enganados
(1 Co 6.9-11 – “9 Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,
10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
11 E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.”) ; (Cf.Gl 5.19-21; 6.7-8; Ef 5.5-6; Tt 1.16; 1 Jo 3.4-10).

Jesus mostrou que existe a pessoa semelhante ao bom solo, a qual é receptiva à semente do evangelho e resulta em uma planta que dá frutos; mas a pessoa que se assemelha ao solo rochoso apenas tem a aparência de que é uma pessoa salva. Este imediatamente demonstra alegria, mas logo murcha
(Mt 13.6,21 - 6 mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se. 21 mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.).

Esse tipo de fé temporária (que não corresponde à fé que salva; ver 1 Co 15.1-2 – “1 Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, 2 pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão.) se encontra em abundância em minha própria denominação. Todavia, essa denominação acredita que a fé salvadora persiste até ao fim. Nós cremos na preservação e perseverança dos santos (uma vez que alguém é salvo, sempre perseverará). Se a fé exercida por uma pessoa não persevera, então o que ela possui é algo inferior à fé salvadora.

Em João 2.23-25, o Senhor Jesus foi o protagonista daquilo que se tornou em uma experiência de evangelismo de multidões, no qual verificamos grande número de pessoas crendo nEle. Porém, Ele não se confiava a qualquer delas, porque os conhecia a todos e sabia o que era a natureza humana. É possível que tenhamos entre influentes denominações atuais milhões de crentes que jamais se converteram, cujos corações não foram transformados? Acredito que sim. Nossa denominação, por exemplo, por mais que a amemos, está constituída, em sua maioria, de pessoas não-regeneradas.

Se duplicarmos, triplicarmos ou quadruplicarmos minha avaliação a respeito de quantos são verdadeiros crentes, ainda teremos um problema gigante. É tolice crermos de outro modo.

Existem aqueles que diriam ser tais pessoas crentes carnais e não merecem ser chamadas de não-regeneradas. É verdade que os crentes de Corinto (em referência aos quais Paulo utilizou esta expressão; ver 1 Co 3.1-3 – “1 E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo.
2 Leite vos dei por alimento, e não comida sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda agora podeis;
3 porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens?) agiam segundo os homens, em sua atitude de divisão. Os crentes sujeitam-se a tropeçar e cair em pecado que não seja imperdoável.
Entretanto, com certeza Paulo suspeitava que alguns da igreja de Corinto eram incrédulos, visto que posteriormente ele os advertiu sobre esta possibilidade em 2 Coríntios 12.20-13.5 – “20 Porque temo que, quando chegar, não vos ache quais eu vos quero, e que eu seja achado por vós qual não me quereis; que de algum modo haja contendas, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos;
21 e que, quando for outra vez, o meu Deus me humilhe perante vós, e chore eu sobre muitos daqueles que dantes pecaram, e ainda não se arrependeram da impureza, prostituição e lascívia que cometeram. 1 É esta a terceira vez que vou ter convosco. Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda palavra.
2 Já o disse quando estava presente a segunda vez, e estando agora ausente torno a dizer aos que antes pecaram e a todos os mais que, se outra vez for, não os pouparei.
3 visto que buscais uma prova de que Cristo fala em mim; o qual não é fraco para convosco, antes é poderoso entre vós.
4 Porque, ainda que foi crucificado por fraqueza, vive contudo pelo poder de Deus. Pois nós também somos fracos nele, mas viveremos com ele pelo poder de Deus para convosco.
5 Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.

Um estado permanente de carnalidade e falta de arrependimento é, antes de mais nada, a própria descrição de uma pessoa não-regenerada.
(Rm 8.5-14 – “5 Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.
6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser;
8 e os que estão na carne não podem agradar a Deus.
9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
10 Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.
11 E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. 12 Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne; 13 porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. 14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Cf. 1 Jo 3.4-10, etc.).

Ao chamar alguns de carnais, Paulo não pretendia afirmar que aceitava como característico do cristão um estilo de vida que, com clareza, ele descreveu como peculiar aos incrédulos, em outras passagens bíblicas.

Nesta mesma epístola, Paulo escreveu: Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeisll (1Co 6.9-11). Aparentemente, havia algumas pessoas, mesmo naquela época, que estavam enganadas ao pensarem que realmente poderia ser crente um homem ou uma mulher injustos!

O PROBLEMA É O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO DE NOVOS DECIDIDOS?

Comete-se um grande engano ao atribuir ao discipulado a culpa deste problema. Em muitas igrejas, direciona-se todo objetivo e esforço para discipular o novo convertido, e os números permanecem inalterados.
Certa igreja procurou integrar todas as pessoas que foram registradas como novos convertidos de uma cruzada evangelística promovida por um famoso evangelista internacional. O pastor que coordenava essa atividade relatou que nenhuma delas quis conversar sobre como crescer na vida cristã. Ele disse: Elas fugiram de nós!
Conheço algumas igrejas que realizam esforços extremos a fim de integrar os novos crentes.Isto é louvável, mas, assim como outras, tais igrejas obtêm pouquíssimo resultado.
Aprenderam a aceitar o fato de que as pessoas que declaram ser crentes precisam ouvir a respeito de progredirem na vida cristã e de que muitos, talvez a maioria, simplesmente não se importam com isso. Os verdadeiros crentes podem ser discipulados, pois têm o Espírito Santo, através do qual eles clamam: Aba, Paila
(Rm 8.15 – “15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!).

Entretanto, não podemos discipular uma pessoa que está espiritualmente morta. Pregar a regeneração, explicando suas evidentes características, foi o âmago do Grande Despertamento.
J. C. Ryle, ao escrever sobre os pregadores do avivamento do século dezoito, afirmou que nenhum deles, por um momento sequer, acreditava ter ocorrido verdadeira conversão, se não era acompanhada de santidade pessoal.

Esse tipo de pregação foi a matéria-prima da maioria das mensagens de avivamento, em toda a história dos avivamentos. Somente uma tão poderosa mensagem pode despertar aqueles que estão dormindo em Sião.