quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

AVIVAMENTO E MEMBROS DE IGREJAS NÃO-REGENERADOS II

Enfrentando o Problema

O que precisa ser feito? Proponho cinco atitudes.

Primeiramente, temos de pregar e ensinar a respeito deste assunto. Todos os autores do Novo Testamento escreveram sobre a natureza do engano. Algumas epístolas abordam com mais abrangência o assunto. O próprio Senhor Jesus falou abundantemente sobre o verdadeiro e o falso, dando importante atenção ao fruto que se encontra no verdadeiro crente (Jo 10.26-27; Mt 7.21-23; 25.1-13). Se de início isto causar dúvidas nas pessoas, não devemos considerar esta reação de maneira negativa. Um amigo disse-me: As dúvidas jamais levam alguém para o inferno, mas o engano sempre o faz. As pessoas esclarecerão suas dúvidas, se continuarmos a pregar a verdade. Todas as dúvidas não procedem de Satanás, ao contrário da opinião popular. Temos de ensinar verazmente todo o conselho de Deus. Somos incapazes de tirar a salvação dos verdadeiros crentes.

É verdade que existem aqueles que se mostram excessivamente escrupulosos e desanimados por tal averiguação. No entanto, muitos são autoconfiantes e fundamentaram sua segurança de salvação em alicerces tolos, tal como o proferir corretamente a oração do pecador. Ensino paciente e atenção ajudarão a vencer as dúvidas, se eles foram verdadeiramente regenerados. Jamais esqueçamos que pessoas quietas e sensíveis também podem ser enganadas.

Em segundo, temos de pregar sobre o assunto do pecado persistente entre os membros de nossas igrejas, incluindo o pecado de faltar às reuniões da igreja. Para fazer isto, precisamos restabelecer a desprezada prática de disciplina na igreja. Cada igreja deve ter estatutos que estabelecem o que acontecerá ao membro que cai em pecado, incluindo o pecado de não participar dos cultos.
Todas as pessoas na igreja, bem como os novos membros, devem familiarizar-se com os passos bíblicos para a disciplina na igreja.
Jesus asseverou que, se uma pessoa for disciplinada com amor e firmeza e deixar de se arrepender, deve ser considerada como um gentio e publicano (Mt 18.15-17).

Embora Davi tenha cometido pecados terríveis, ele se arrependeu de coração (ver 2 Sm 12.13; Sl 51). Todo cristão é um pecador que se arrepende durante toda a sua vida, e a disciplina da igreja ressalta este fato.
Precisamos visitar todos os membros de nossas igrejas, procurando trazê-los a Cristo ou, com ousadia libertá-los para o mundo, que eles amam mais do que a Cristo. Esta é a atividade básica do ministério pastoral.
Nunca devemos arrancar o suposto joio do meio do trigo (Mt 13. 24-30; 36-40), como se tivéssemos absoluto conhecimento. Podemos estar enganados. Todavia, disciplina amável na igreja é um cuidadoso processo por meio do qual o pecador não-regenerado exclui a si mesmo da comunhão, devido a sua resistência à correção. A igreja foi estabelecida para santos que se arrependem e não para pecadores rebeldes.
Em terceiro, devemos ser mais cuidadosos na questão de receber pessoas na membresia da igreja. Em minha opinião, o apelo público convidando o pecador a vir à frente (uma invenção moderna) com freqüência colhe frutos prematuramente. Nós o utilizamos por causa de nosso zelo genuíno para ver os perdidos se converterem. Embora isto seja sagrado entre os batistas, um estudo cuidadoso deve ser feito no que concerne ao seu uso na evangelização.
Durante dezoito séculos, a igreja cristã não utilizou este método, até que seu principal criador, Charles Finney, promoveu suas novas medidas. Ao contrário disso, os batistas daquela época demonstravam o intuito de permitir que a convicção desempenhas-se um grande papel na conversão.
Eles não precisavam de qualquer muleta para o evangelho, mas confiavam na Palavra pregada e no Espírito Santo. O grande batista, Charles H. Spurgeon, por exemplo, contemplou milhares de pessoas se convertendo sem utilizar aquele método de evangelismo. A própria mensagem que ele pregava era seu convite.
Não temos necessidade de melhores métodos a fim de conseguirmos que as pessoas venham à frente, e sim mais poder em nossas mensagens.
Você não pode afastar de Cristo os pecadores, quando Deus os está trazendo a Ele (cf. Jo 6.37). Em uma época em que 70 a 90% daqueles que respondem ao evangelho demonstram pouca evidência de serem salvos, após as primeiras semanas ou meses de impulsos emocionais, devemos fazer algumas perguntas. Se for possível, esqueça o fato de que não existe qualquer precedente bíblico para esta realidade; apenas considere esta questão de maneira pragmática. Ainda, precisamos seguir regras mais cuidadosas em relação àqueles que se tornam membros de nossas igrejas. Devemos abandonar a imprudente atitude de receber novos membros imediatamente após eles virem à frente. E mais diligente ponderação tem de ser realizada no que concerne à conversão de crianças. Uma grande porcentagem da profissão de fé das crianças se desvanece mais tarde na adolescência ou nos anos de universidade (quanto mais independente elas se tornam, tanto mais demonstram sua verdadeira natureza).
Em quarto lugar, temos de cessar de imediatamente assegurar salvação à pessoa que se converteu. É tarefa do Espírito Santo outorgar segurança de salvação. Devemos oferecer ao convertido as bases sobre as quais esta segurança está fundamentada, e não a própria segurança. A este respeito, estude 1 João. Quais coisas foram escritas para que os crentes soubessem que possuíam a vida eterna (1 Jo 5.13)? Resposta: os testes apresentados na epístola.

Por último, temos de restaurar a sã doutrina. Um avivamento, descobri enquanto estudava sua história, é uma restauração do ensino do evangelho. As três principais doutrinas que freqüentemente têm se revelado em avivamentos são a soberania de Deus na salvação, a justificação pela graça mediante a fé e a regeneração com seus frutos visíveis. Um avivamento é Deus se revelando, mas a bênção da presença dEle é diretamente afetada por aquilo que nós cremos.
Com freqüência Ele se manifesta no contexto das grandes doutrinas pregadas com o poder do Espírito Santo, de maneira penetrante e fiel.
Citando um exemplo de nossa atitude de reduzir doutrinas, mencionamos o arrependimento constantemente esquecido nas pregações do evangelho ou a compreensão de que o arrependimento significa apenas admitir que você é um pecador.
Convidar Cristo para entrar em seu coração, uma expressão que jamais encontramos na Bíblia (estude o contexto de João 1.12 e Apocalipse 3.20), tem ocupado o lugar da doutrina bíblica da justificação pela fé. A doutrina do julgamento divino é raramente apresentada com cuidado, e dificilmente ouvimos sobre a cruz em toda sua abrangência. Apenas ler os títulos de sermões ministrados por pregadores de épocas de avivamento causaria surpresa em muitos pastores modernos.

SAUDÁVEL OU ENVERGONHADO?

Que tipo de exército você gostaria de possuir? O primeiro ou o segundo exército de Gideão? Nenhuma igreja ou denominação pode declarar-se saudável, se não tem mais pessoas vindo às reuniões regulares do que as registradas em seus livros de membros. Este é um padrão observado pela maioria dos homens do mundo, bem como por nossos antepassados. Teríamos o avivamento que desejamos, se reconhecêssemos nossas falhas como igrejas e denominação, humildemente curvássemos nossas cabeças e procurássemos corrigir este terrível obstáculo que impede a bênção de Deus.